Confesso que durante muito tempo tive um certo preconceito com Death Stranding, preconceito este relacionado a seu criador, Hideo Kojima, e seus insuportáveis fãs, que o tratam como uma das mentes mais geniais da humanidade. O ego de Kojima e a adoração de seus fãs me fizeram ver Death Stranding como um jogo comum, superestimado por seu criador e fãs por muito tempo, até que finalmente decidir dar uma chance ao jogo.
Peguei o jogo no último natal, quando foi distribuído de graça pela Epic Store e, por curiosidade, decidi começar a jogá-lo em fevereiro, já pronto para desistir no meio e com o objetivo de ter argumentos para poder falar mal do jogo com certa propriedade, porém a história de Death Stranding me fisgou de um jeito que hoje, quase 28 horas de jogo depois, terminei sua história.
A história não é perfeita, tem suas muitas bizarrices e nomes sem criatividade, marcas registradas de Kojima, além de alguns plots serem previsíveis devido a apresentação das cenas, porém, os atores brilham em suas capturas de movimento, com destaque para Lea Seydoux como Fragile e Mads Mikkelsen como Cliff Unger.
Entendo as críticas ao jogo, para quem não se interessa pela história o jogo realmente demora bastante até finalmente soltar a mão do jogador, também são várias e longas cutscenes ao decorrer do jogo, fazendo que quem está jogando apenas pelas entregas perca o interesse facilmente.
As entregas são interessantes, com a interação entre jogador e ambiente se destacando, além das conexões feitas serem parte fundamental do jogo. Death Stranding é no final um jogo sobre conexões, sejam as conexões feitas entre as cidades que compõem a história do jogo e as conexões feitas entre jogadores, com estruturas compartilhadas, em que as estruturas usadas por você para progredir no jogo podem ser usadas por outros jogadores com este mesmo propósito, assim como as estruturas de outros jogadores sendo de muita ajuda para seu progresso. Death Stranding valoriza tanto suas conexões que inclui todos os jogadores com o qual você se conectou em sua jornada nos créditos do jogo.
Outro tema muito tratado no jogo é a morte, o protagonista, Sam Porter Bridges, é um repatriado, ou seja, ao morrer ele consegue retornar a vida, além de tratar de temas de vida e morte em todo o decorrer da história e no cenário pós-apocaliptico em que se passa o jogo. Death Stranding além de ser um jogo sobre conexões, é um jogo sobre a morte.
Por fim, Death Stranding foi um jogo que me surpreendeu muito positivamente, ainda não sou um fã de Kojima e acho seus fãs uma das coisas mais insuportáveis da indústria de videogames, porém entendo um pouco do que leva alguém a gostar tanto do seu trabalho. É inegável que um jogo, desse escopo e com esse orçamento e tão diferente do padrão da indústria de games só pode ser feito com um nome grande como Kojima por trás, isso, porém é mais uma lástima para a indústria de AAA, que se vê obrigada a fazer os mesmos jogos eternamente em busca de um lucro sem fim, matando toda a criatividade e enterrando todas as ideias inovadoras que poderiam ser feitas enquanto uma empresa gasta seu orçamento bilionário para fazer mais um FPS futurista genérico. Ao menos os indies aparecem como uma salvação dessa criatividade em videogames porém algumas ideias não são possíveis de se realizarem com um orçamento de indies. Death Stranding é uma amostra do que pode ser feito com a criatividade e orçamento, e precisamos de mais amostras nesse nível.
Death Stranding está disponível para Playstation e PC
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