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O desapego da arte e a minha exceção pessoal

 Pra você que está acostumado a ler este blog, já deve ter percebido que todos os textos sobre algo específico são sobre uma história que eu curti. Eu acho que isso é meio que um caminho natural, já que eu prefiro falar sobre coisas que eu gosto e eu quero que mais pessoas tenham a mesma experiência. Outro motivo é que este blog funciona meio como uma válvula de escape para mim, eu gosto de vir aqui escrever e escrever sobre algo que eu goste é o que faz mais sentido nesse caminho, mas também tem outro motivo:

Eu tenho uma certa facilidade em desapegar de histórias. Livros, filmes, séries, jogos... Muitas vezes eu simplesmente largo no meio quando paro de achar interessante. Isso é algo que por muito tempo eu achei que era normal e algo que a maioria das pessoas fazia, mas com o passar do tempo percebi que uma quantidade considerável de pessoas continua acompanhando a história mesmo quando não se interessa mais.

 A mesma coisa aconteceu já varias vezes, eu começo uma série e no começo acho maravilhoso, porém depois de algumas temporadas eu simplesmente perco completamente o interesse na trama, de cabeça cito House of Cards, Vikings e Black Mirror como grandes exemplos de séries que eu um dia fui vidrado e depois de um tempo me tornei completamente indiferente, com livros, a série do Guia do Mochileiro das Galáxias é um outro exemplo, os três primeiros livros são maravilhosos, eu amei ler eles dez anos atrás. Eu nunca terminei o quarto livro. O quinto livro da série ainda está no plástico e eu já tenho ele há dez anos.

Essa facilidade de desapegar levou a várias e várias vezes que larguei algo no meio e que até hoje nunca voltei pra rever, mesmo tendo mudado e muito minha visão de mundo nos últimos anos. Talvez se eu começasse hoje eu curtiria Breaking Bad, ou Senhor dos Aneis, ou 2001:Uma Odisseia no  Espaço ou vários outras histórias aclamadas que comecei na adolescência e nunca terminei. Um bom lado disso é que as coisas terminam pra mim quando deveriam terminar, Vikings pra mim termina no décimo terceiro episódio da quarta temporada. O Universo Cinematográfico da Marvel termina em Ultimato. Black Mirror termina com San Junipero. E são finais que fazem sentido, ao menos pra mim

Nisso tudo, tem uma exceção, uma história que eu simplesmente não consigo desapegar: As Crônicas de Gelo e Fogo. Os livros em si eu acho excelentes e não tenho nada a acrescentar, o meu maior problema é o que veio depois: a série de TV. Eu criei um vínculo gigantesco com Game of Thrones, Dia de episódio novo de Game of Thrones era sagrado. Era dia de sentar em frente a TV as 22h e depois passar horas discutindo os episódios com quem também os viu. E essa sensação é algo magnífico. Game of Thrones definitivamente não é a melhor série que vi tecnicamente falando, mas é a que eu mais sou apegado.

E nesse sentido, a sétima temporada foi absurdamente frustrante, ainda mais do que o final tão criticado. A sétima temporada foi quando eu percebi que a história já não me agradava, que era hora de desapegar. Mas eu não desapeguei, na real não desapeguei até hoje, ainda espero pacientemente os dois últimos livros para finalmente terminar essa história com a esperança de ver o "verdadeiro final" da saga.

Esse texto foi mais uma reflexão, não quero me gabar. Eu reconheço que provavelmente perdi muitas histórias interessantes por isso. Também não é para reclamar, eu reconheço que em algumas das obras o "meu final" me satisfaz muito mais do que ter continuado envolvido com as histórias. Acho que no final isso tudo é para justificar para mim mesmo o motivo de, apesar da sétima e oitava temporada de Game of Thrones, eu estar empolgado para a estréia de House of the Dragon

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